001 - A Iniciação no Batuque
A iniciação na religião se faz durante um período de reclusão na casa de culto, a qual implica vários tabus (proibições), tais como, as relações sexuais, ingerir certos alimentos, o calor do sol, etc.
Durante este período, o noviço se aprofunda nos mistérios da religião. Esta iniciação exige uma série de banhos cerimoniais, inclusive com o sangue de animais imolados.
A partir daí é uma aprendizagem contínua: a aquisição de conhecimentos é uma experiência progressiva, iniciática, possibilitada pela absorção e pelo desenvolvimento de qualidades e poderes. A aquisição de tais conhecimentos só é efetiva se houver contato constante com o sagrado.
A nação se diferencia de outras religiões porque o indivíduo aprende pela observação direta, o que pressupõe sua presença a prática ritual. Dentro de algum tempo, após cumprir todas as etapas da iniciação e de ter recebido todos os "Axés": o direito e poderes para "olhar os Búzios" e para cortar (imolar animais segundo os rituais) o filho-de-santo é tido como "pronto" e pode estabelecer-se com casa de culto própria, da qual será o Babalorixá ou Yalorixá.
O cumprimento de cada uma destas etapas, se de um lado confere prestígio, direitos e privilégios junto á comunidade batuqueira, de outro, corresponde a obrigações e comprometimentos cada vez maiores com o sagrado.
O filho-de-santo desde a iniciação até o fim da vida fica ligado ao seu Orixá por laços muito rigorosos de obediência e cultos, não só por interesse de receber do Orixá as graças e a proteção desejada, mas também para evitar castigos e as penas por ele impostas ao seu filho que não procede com correção ou negligência os deveres religiosos. Além disso, o "filho-de-santo" deve estrita obediência a seu "Pai-de-Santo" ou "Mãe-de-Santo", subordinação esta tão extensa que atinge até a conduta fora da casa de religião.